domingo, 29 de setembro de 2013

Desejo colorido

Lucy tinha algumas amizades que ultrapassavam as barreiras do pudor e do desejo oculto. Sempre cultivara essas amizades por que segundo ela, estas eram as verdadeiras. Acreditava que sentir atração por um amigo seria algo absolutamente normal e saudável, aliás, sempre soube que as relações mais ardentes eram com aqueles amigos..."coloridos". Estes sim sabiam seus segredos, seus toques, seus desejos e assim sabiam satisfazê-la da melhor forma, sem cobranças nem ressentimentos.
 Estes amigos eram cuidadosamente escolhidos, para que nada fugisse de seu controle. E Lucy sabia selecionar muito bem, como se descobrisse quem seria em um simples olhar. Não precisava questionar ou usar de artimanhas para que o amigo se revelasse um ótimo amante.
 Lucy gostava de ter esses amigos para quando se sentisse solitária. Assim, teria com quem conversar, beber e se entregar sem nenhum medo. Também eram necessários nas noites em que Lucy não queria sair para "caça", ou quando não houvesse nada de atraente nas ruas.
 Mas ultimamente estava sozinha, sem amigos coloridos ou mesmo em "preto e branco". Embora não fossem muitos, todos tinham cansado dessa vida de vai e vem dos desejos. Todos resolveram tomar um rumo na vida sentimental e arrumar alguém com quem poderiam dividir cada segundo de suas horas livres. Todos menos Lucy. 
 Para ela pouco importava se somente ela havia "sobrado". O que importava mesmo é que ela havia perdido suas "cartas na manga"! Há tempos não encontrava em suas aventuras um amigo desse tipo. Mas sem querer, alguém que sempre havia passado despercebido aos olhos fogosos de Lucy ressurgiu em seu caminho.
 Se encontraram por acaso em um bar e fizeram o que sempre foi feito por ambos: apenas se cumprimentaram. Ficaram em lados opostos do balcão, mas os olhos se cruzavam a cada instante. Sempre que podiam, paravam e se fitavam por um longo tempo. Cansada de ficar sentada buscando coisas que nem ela sabia o que eram, resolveu dançar. De olhos fechados, claro.
 Dançou uma música como se flutuasse e ao começar outra, sentiu uma mão cheia de unhas agarrar sua cintura, colar o corpo no seu e seguir seus movimentos. Lucy não abriu os olhos, nem se virou até a música terminar. Ao se virar deparou com os olhos que encontrara no balcão. Ambos sorriram e suas bocas se aproximaram como imãs. Dançaram, beijaram, se acariciaram e se deliciaram com todo aquele flerte.
Ao saírem, ela o convidou para juntos buscarem um lugar mais deserto e escuro. Andaram por ruelas, pararam em muros e espaços entre casas, mas sempre aparecia algo: um carro, casais, grupos saindo de festas. Todos pareciam contra aquele encontro dos dois, e pela primeira vez, Lucy foi embora segurando suas fantasias. Mas ela não poderia deixar aquela situação inacabada.
 Procurou-o onde podia, até encontrar seu contato através de um amigo em comum. Sem hesitar, ligou e combinou um outro encontro. Poderia ser em qualquer lugar, desde que pudesse ficar a sós com seus desejos e fantasias. Ele a convidou para ir em sua casa, e lhe prometeu uma grande noite.
 Quando Lucy chegou, prontamente ele lhe ofereceu uma bebida. Havia música boa, bebidas e um clima quente. Tudo perfeito para Lucy que já ardia. Ele tinha o corpo magro, rígido, unhas compridas prontas para atacar. Seu rosto aparentava ser de bom moço, daqueles que não sabem o que fazer com as mão ou como agir na cama. Para Lucy esses são os melhores. Escondem como ninguém seus mais ardentes desejos, são ousados e adoram surpreender.
  Ela estava certa. Sutilmente ele se aproximou de Lucy que dançava com um copo de Martini na mão. Beijou seus ombros, pescoço até subir lentamente até sua boca. Os corpos anunciavam o tesão e ambos já não queriam fingir ou inventar outras situações. Começaram no sofá: beijos longos, mãos que percorriam os corpos sem deixar escapar qualquer parte, o corpo dele sob o dela fazia com que se molhassem de suor e prazer.
 Foram para o quarto, e em silêncio despiram-se de tudo que separava seus corpos. Se encaixaram perfeitamente enquanto suas línguas se reencontravam. Lucy começava a descobrir o porque de unhas tão grandes. Estavam ali para percorrer o corpo de Lucy, para adentrar em sua carne de forma deliciosamente dolorida. As mãos que pareciam tão suaves, seguravam o cabelo de Lucy com força mas ao mesmo tempo com cuidado. Era selvagem, ardente e surpreendente como ela previra.
 A língua dele havia deixado a boca de Lucy e descia suavemente até sua barriga, coxas e sexo. A vontade dos corpos de entrar um no outro não era mais latente, mas todo aquele ritual enchia seus corpos de um tesão sem tamanho e Lucy se sentia quase em erupção. A boca de Lucy devorava o corpo dele, enquanto as unhas cravavam e rasgavam a pele clara de Lucy.
 Finalmente os sexos se encontraram uma, duas, três...várias vezes durante a noite que se seguia. Lucy queimava e seu fogo insistia em não cessar. Ele não negava nada, estava a mercê dos caprichos de Lucy por que também eram os seus. Tudo o que faziam seguia da vontade de ambos.
No outro dia estavam felizes mas não satisfeitos. Seguiram se buscando, se encaixando e se devorando durante uma manhã inteira. A pele de Lucy se encontrava desenhada e poucos espaços ainda restavam sem um arranhão. Marcas da primeira noite dos novos amigos coloridos.
Este ela apelidara de "amigo arco íris", e a única coisa que a repudia é saber que ela não é sua única amiga com benefícios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário