quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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Se em lugar de me enlouquecer eu queira fazer o mal, se evitar ser cruel seja gritar alto, se fugir para longe e ficar sozinho seja a solução de algum problema...estou pronto, quero ser livre e voar para um infinito distante.
Quero partilhar de sorrisos e abraços, não mais de sofrimentos e angústias. quero partir depressa antes que as grades da solidão me cerquem, me fechem para algo novo que possa vir para mim. Tento de desfazer de pesos que carrego em meus ombros, tento não me agarrar em lembranças para curar as dores. Mas acabo refazendo os nós de minhas amarras, apertando cada vez mais o pano que cobre minha boca, trancando cada vez mais meus gritos de socorro, girando em torno de mim mesmo, de minha própria alma.
Acabo assim por ficar calado em mais um canto dessas paredes que se chamam "cidades", apenas observando que nos outros canto existem pessoas como eu......

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Lucy e agora também, Lucius...

"Doce como um anjo, misteriosa como um gênio e desejável como uma musa", assim Lucius se referia a ela.
Calado, um pouco mais alto que Lucy, tão alto que se curva, como se quisesse chegar ao pés. Mesmo tímido, sempre teve muitas mulheres ao seu redor. Seu sorriso sincero, seu jeito de menino, sempre fora uma espécie de charme, cativava moças de todas as idades e estilos. Lucy foi seu primeiro amor. Não sua primeira namorada, mas seu primeiro grande amor.
O primeiro encontro que teve com Lucy ainda se recorda muito bem, foi em um bar. Ela dançava e bebia como se estivesse sozinha. Não, nem dançava, flutuava como uma pluma em meio a uma brisa de verão. Era impossível tirar os olhos daquela saia que seguia o movimento meticuloso de seu quadril, que nem força fazia.
A luz do ambiente iluminava tudo, mas parecia que o foco era todo nela. Suas mãos seguravam o copo como se fosse um coração... O coração de Lucius.
As horas que ficou olhando para ela pareceram segundos. Tão pouco tempo que nem conseguiu lhe dar um simples "oi". Se sentiu um panaca diante daqueles "homenzarrões" que apertavam Lucy contra o peito e sussurravam obscenidades em seu ouvido. Enquanto ele... a olhava admirado, como se estivesse olhando o desabrochar de uma rosa em meio as cinzas de uma guerra.
Mas sua cara de bobo chamou atenção de Lucy, que se aproximou e lhe tirou para dançar. "Onde já se viu, ela me tirando para dançar", pensou Lucius. Não aceitou o pedido, nervoso sacudiu a cabeça em um sinal negativo. "Que burro!", sussurrou. Ela sorriu como se houvesse escutado. Saindo encostou seus lábios nos dele e correu em direção a porta de saída.
Lucius ficou paralisado, estático, mas em questão de segundos saiu atrás, puxou Lucy pelo braço e a beijou. Louca e ferozmente, como nunca havia beijado alguém. Ficou surpreso com sua atitude, mas adorou. Se sentiu como um verdadeiro "homem" e partiu com ela orgulhoso, olhando para os "homenzarrões" com desprezo... (continua)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Lucy...

Lucy é uma menina baixa, ruiva, com cabelos estranhamente cortados -como se houvesse errado o corte. Seus olhos são como duas "jabuticabas" (assim que seu avô se referia quando falava dos olhos da neta). Duas grandes e redondas jabuticabas que vez em quando crescem e parecem querer devorar quem a olha.
A boca tão carnuda e vermelha consegue apagar uma certa pureza que ela leva, a transformando num objeto de desejo. As sardas salpicadas levemente em seu rosto faz com que muitos tenham vontade de lhes tocar com os lábio, querendo contá-las uma a uma.
Seu corpo, com uma alvura tão iluminada que quando o sol lhe toca, deixa sua pele rubra, como que envergonhada por um elogio. Com o corpo coberto parece ser mais magra do que é. Mas quando deixa um pedaço de suas coxas à mostra - com intenção ou não - é possível ver que é uma moça com corpo de mulher. Quando coloca vestido é visível suas curvas e formas voluptuosas.
Seu cheiro flor exala por entre seu poros, sem necessidade de perfumes. Ao jogar seus cabelos no vento, solta um odor hipnotizante.
Sua voz tão baixa e sussurrante precisa de uma proximidade maior, o que só aumenta o desejo que todos tem em lhe beijar.
Lucy goza da noite, se esbalda em bebidas, em fantasias e se afoga em salivas alheias. Mas quando retorna para suas casa, deixa para a noite o que a ela pertence.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Lucy

Na manhã seguinte Lucy abriu os olhos rapidamente, muito diferente das manhãs em que acordava de ressaca, com os olhos pesados e corpo amassado. Olhou para o relógio e não acreditou na hora que piscava em vermelho. "Nove horas? Mas que merda é essa?", sussurrou para si.
O mais estranho é que não acordara satisfeita e realizada com a noite anterior. Sempre acordava tão bem! Como se aquele desejo que pesava em seu corpo de noite tivesse ido embora.
Aquela manhã soava fria e solitária. Lucy se sentia vazia e infeliz. Não compreendia como, mas sentia que aquele garçom que parecia um DEUS (com letras maiúsculas como pensou) e que apagara suas chamas noite passada, hoje era um nada.
Parecia que não havia saído de casa, que havia visto filmes no sofá até pegar no sono. Como se a noite passada não existisse. Como se ela não existisse.
Lucy parou diante da TV desligada com o olhar distante, procurando se encontrar. Descobriu algo terrível. Naquela manhã acordara sem nada por dentro, vazia como a vida que vivia. Chorou tudo. O que era, o que foi e o que poderia se tornar.
Se levantou lentamente e foi em direção a cozinha. Fez seu café, tomou e lavou sua xícara vermelha. Em um gesto suave abriu a gaveta do balcão da cozinha, pegou a faca e cortou lentamente uma maçã vermelha e robusta como seu coração.




Esse texto faz parte de uma série de contos que venho fazendo há algum tempo, sobre uma mulher que tem desejos ocultos e que faz de suas noites palco para suas fantasias. Ela procura algo como todos nós, parece não ter medo de nada, mas teme a si.
Só agora estou criando coragem para publicar!