quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

o reencontro

  Despia-se lentamente de tudo que lhe cobria o corpo. As roupas, os medos, a vergonha, deixando somente a candura de uma menina.
  A cada peça de roupa que caía ao chão, se ia uma lembrança ruim, algo que desejava esquecer. A calcinha  pequena de renda seria a última peça, embora estivesse de vestido -o que facilitaria a retirada em primeiro lugar -, escolhera ela como peça chave da nudez total e plena. Tudo era retirado devagar, sem sensualidade, apenas com leveza, para que cada pensamento acompanhasse cada peça, do início de seu toque, até o encontro com o tapete que forrava o piso frio.
 Antes de mergulhar em sua banheira de água fria, contemplou seu corpo no espelho atrás da porta. Queria ver se ainda era a mesma Lucy. Mesmo sem as roupas envolventes, o olhar maldoso e malicioso, o corpo inclinado para provocar, seria ela verdadeira?
 Colocou o pé esquerdo de leve na água. Hesitou retirando rapidamente os dedos, antes que chegassem a afundar. Estava fria, mas era nessa temperatura que seu corpo deveria permanecer por algum tempo. Lucy já sentia seu corpo quente o suficiente. Resolveu ser mais ligeira ao entrar, em um único e súbito movimento, sentou-se e levou sua cabeça inclinada para fora da banheira. Ficou um tempo olhando para o teto sujo e por alguns segundos pensou em como o limparia, mas antes de obter uma resposta lembrou que não estava ali para rever seu papel de dona de casa.
  Afundou a cabeça na água e permaneceu ali, imóvel até o insuportável momento que o ar quase se foi. Voltou a fitar o teto imundo e sem tirar os olhos do mesmo ponto, pegou uma esponja de banho e a deslizou sobre seu corpo. A princípio o lavava sem pretensão alguma, mas quando as gotas molhadas enrijeceram seus mamilos, os cabelos de sua nuca se arrepiaram. Continuou com movimentos leves e a cada toque, uma parte do seu corpo se arrepiava.
  Desceu  e subiu devagar a esponja dos seios até embaixo do umbigo. Leve, porém firme. Enquanto sua mão conduzia a esponja por este caminho, suas coxas se encontravam e se apertavam, como um abraço de reencontro. Sentia que seu sexo pulsava e pedia por suas mãos. Há tempos não fazia isso, há tempos não se dava prazer. Buscava todas as noites por algo que ela esquecera de lhe dar. Lembrava bem de como fazia antes e de como era bom, quente e irresistível.
 Já não podia mais resistir. Conforme o corpo de Lucy se mexia, a água criava pequenas ondas, expulsando para o tapete o que sobrava naquele espaço. A cada gota caída no chão, Lucy retirava de si o que ainda restava de pudor, medo e vergonha. Apenas o encontro dela com seu corpo, com sua redescoberta. 
 Finalmente os dedos encontraram o lugar que queriam estar. Suavemente encostou as pontas dos dedos nos lábios do seu sexo, e aos poucos foi procurando novos postos de prazer. Seu clitóris parecia maior e mais sensível, fazendo com que Lucy desse pequenos pulos a cada toque. Os dedos pareciam saber a direção certa, passeavam até penetrarem totalmente no corpo de Lucy. Iam e voltavam com diferentes intenções, sem se esquecer das partes mais externas. Parecia que sua mão criara vida. Era tão intensa e tão sábia!
  Lucy gargalhava, mordia seu lábio inferior, gemia, urrava sem importar se alguém a escutava no andar de cima ou de baixo. Nada lhe importava além do seu prazer. Durou um bom tempo até seu corpo ser tomado por uma sensação de cansaço, arrepio, vontade de continuar, tremedeiras e outras sensações indescritíveis. Soltou seu último grito seguido de um suspiro aliviado.
 Sorriu um riso doce, quase angelical e voltou a fitar o teto. 


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