Há tempos Lucy não apreciava
uma confraternização com amigos. Talvez nunca tenha participado de alguma
depois do ensino médio.Eram sempre tão monótonas, cheias de risos sobre piada
alguma, falsos moralismos, puritanas de fachada, assuntos chatos, comentários
maldosos e nada de diversão. Pelo menos não a diversão que atraía Lucy.
A pior parte disso é que
essas reuniões eram anunciadas como festas, onde adolescentes fogosos poderiam
soltar suas vontades, beber, experimentar tudo e todos. Porém, a verdade era
outra. Uma realidade baixa e cruel, que convencia meninas a beber “enlouquecidamente”
até perder completamente a noção, a ponto de se deixar levar pelo mais babaca,
aceitar transar com ele, mas desmaiar e vomitar na primeira tentativa. Depois,
claro, virar alvo de comentários maldosos pelo resto da vida escolar.
Para Lucy não importava se
era festa de adolescentes, universitários ou adultos. Tudo seguia as mesmas
regras hipócritas. Todos queriam se entorpecer, mergulhar no desejo e se doar
por inteiro, mas faziam totalmente ao contrário. Não fazia a menor questão de
perambular por locais assim, até que veio o convite de um casal de amigos.
Convidaram para a despedida
de sei lá quem, vindo de sei lá onde. Não importava, afinal, Lucy não iria
comparecer. Saiu sem rumo. Era uma noite estrelada de domingo que pedia por
algo diferente. Lucy bebeu alguns copos de vinho, uma garrafa de champanhe,
alguns copos de conhaque, trocou algumas palavras com dois amigos, esperando
algo a mais de um deles. Esperou demais, bebeu demais e se viu cercada de
alguns sentimentos estranhos, todos relacionados aquele algo mais que esperou.
Resolveu brindar com as estrelas,
mas no caminho pensou em aparecer na despedida. Assim como ela, as poucas
pessoas que se encontravam na festinha estavam tomadas pelo vinho. Uma casa
antiga, com portas grandes, vários cômodos e corredores. Cantos escuros que seduziam,
paredes que pareciam implorar por gemidos e sussurros. Lucy analisou cada lugar
que poderia talvez usar, olhou cômodo por cômodo antes de chegar no pequeno
pátio onde a festa rolava. Tudo acontecia exatamente como ela sempre quis que
seria, ao contrário de outras que ela vivera. Um sorriso espontâneo surgiu no
rosto de Lucy e sem hesitar, começou a dançar. Todos dançavam com todos, se
tocavam, se entrelaçavam, bebiam, riam gargalhadas sinceras, corpos com corpos
sem pudor nem medo. Uma orgia sem sexo, um ritual, uma dança com vários corpos
formando um só. Tudo atiçava e excitava Lucy, mas estava tão envolvida naquela
dança que ainda não havia reparado em ninguém.
Na pequena pausa que deu
entre uma dança e um copo de vinho, se sentiu vigiada. Procurou e parou no
olhar de um rapaz pequeno, magro, de barba rústica. Ela conhecia bem aquele
olhar. Ele tinha os olhos de fome e um semblante de devorador. Estava ali
procurando o mesmo que Lucy e tinha pressa. Na primeira oportunidade ofereceu
uma bebida a Lucy, que aceitou sem ao menos perguntar o que bebia. Ele parecia
ansioso, olhava, analisava e salivava. Lucy podia ver o desejo fervilhando e
deixou que ele tomasse todas as iniciativas. Queria vê-lo explodindo de
vontade. No silêncio de ambos, o rapaz saiu e largou suas palavras:
“Pode tomar o quanto quiser,
depois vai lá dentro e me entrega o copo.” Sumiu na escuridão de um longo
corredor, deixando Lucy explodindo. Ela o seguiu, mal deixando que ele sumisse
completamente de sua vista. Como ela bem esperava, ferozmente ele a agarrou de
baixo de uma escada. Beijaram-se até serem interrompidos por um rapaz que Lucy
apelidara de “escroto carente”. Um ser que estava ali somente para atrapalhar,
por não encontrar ninguém com quem pudesse trocar carícias picantes pelos cantos
da velha casa, arrumara um jeito de se divertir: atrapalhando que quisesse
liberar seus desejos. Gritou algumas frases sem sentido enquanto bebia, ria e
cuspia. Temendo perder o tesão, Lucy retrucou algumas palavras grosseiras, na
tentativa de fazer com que o rapaz de olhos famintos a levasse dali, já que o
escroto não iria sair por vontade própria. Para sua felicidade, o recado foi
bem entendido e seu desejo também. Procuraram uma porta qualquer e entraram em
uma sala escura. Ele perguntou se poderia acender a luz, o que pouco importava
para Lucy. Ao iluminar o espaço, observaram o vazio do lugar. Quase vazio, não
fosse uma espécie de sofá quebrado. Um lugar perfeito.
Lucy nem conseguiu terminar
de examinar o local, foi puxada para mais um beijo ardente, louco e faminto.
Ele a segurava como se não quisesse soltá-la mais e Lucy gostava daquelas mãos
firmes. Aos poucos foi limitando os movimentos de Lucy, induzindo a realizar
seus desejos, sem dar espaço aos dela. Com um movimento rápido, ele a colocou
de joelhos, diante de seu órgão pulsante e duro. Lucy sabia bem o que ele
queria, e no primeiro momento quis também, mas depois gostaria de variar,
experimentar. Mas ele não. Continuava agarrando seus cabelos, cada vez com mais
força, empurrando sua cabeça em direção ao sexo latejante.
Cansada daquela cena, Lucy
tomou fôlego, levantou-se e o olhou fixamente. Séria, o segurou pelos braços,
deixando claro que ela também tinha suas fantasias. Ele sorriu e se entregou. Lucy
o beijou e desceu sua língua de volta ao órgão cada vez mais pulsante e quente.
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