segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Lucy

Na manhã seguinte Lucy abriu os olhos rapidamente, muito diferente das manhãs em que acordava de ressaca, com os olhos pesados e corpo amassado. Olhou para o relógio e não acreditou na hora que piscava em vermelho. "Nove horas? Mas que merda é essa?", sussurrou para si.
O mais estranho é que não acordara satisfeita e realizada com a noite anterior. Sempre acordava tão bem! Como se aquele desejo que pesava em seu corpo de noite tivesse ido embora.
Aquela manhã soava fria e solitária. Lucy se sentia vazia e infeliz. Não compreendia como, mas sentia que aquele garçom que parecia um DEUS (com letras maiúsculas como pensou) e que apagara suas chamas noite passada, hoje era um nada.
Parecia que não havia saído de casa, que havia visto filmes no sofá até pegar no sono. Como se a noite passada não existisse. Como se ela não existisse.
Lucy parou diante da TV desligada com o olhar distante, procurando se encontrar. Descobriu algo terrível. Naquela manhã acordara sem nada por dentro, vazia como a vida que vivia. Chorou tudo. O que era, o que foi e o que poderia se tornar.
Se levantou lentamente e foi em direção a cozinha. Fez seu café, tomou e lavou sua xícara vermelha. Em um gesto suave abriu a gaveta do balcão da cozinha, pegou a faca e cortou lentamente uma maçã vermelha e robusta como seu coração.




Esse texto faz parte de uma série de contos que venho fazendo há algum tempo, sobre uma mulher que tem desejos ocultos e que faz de suas noites palco para suas fantasias. Ela procura algo como todos nós, parece não ter medo de nada, mas teme a si.
Só agora estou criando coragem para publicar!

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